segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Um lado diferente do Rock Brasileiro: Os mutantes



 

Os mutantes foram a banda mais original que o brasil já teve, de grandes influências para muitas outras bandas, o trio formado por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias faziam um rock experimental totalmente diferente de qualquer outro misturando, beatles, psicodelismo, erudita até mesmo o samba, tudo isso com muita distorção da guitarra. Junto com seus amigos tropicalistas: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Nara leão, eles incendiaram o cenário brasileiro.

Tudo começou em 1964, quando os irmãos Baptista, Arnaldo (baixo, teclado) e Sérgio (guitarra) formaram a banda adolescente chamada Wooden Faces. Porém esta teve vida curta e logo depois eles montaram uma nova banda, o Six Sided Rockers, já com a presença de Rita Lee. O grupo ainda trocou de nome mais uma vez, para O Konjunto, até ser batizado definitivamente de Mutantes, que fora inspirada no livro de ficção científica “O império dos mutantes”, do francês Stefan Wul.
Em 1966, com o conjunto bem entrosado, os Mutantes passaram a fazer participações em programas de TV bem populares, tais com “Astros do Disco”, “Jovem Guarda”, “O Pequeno Mundo de Ronnie Von”. Isso permitiu que o som deles chegasse aos ouvidos do maestro Rogério Duprat, que encantado, os chamou para contribuírem no arranjo de “Domingo no parque”, canção de Gilberto Gil para o III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record de São Paulo (1967). Não satisfeitos com isso, eles ainda acompanharam o próprio Gil em sua apresentação no mesmo festival.
Esse evento abriu as portas para um primeiro compacto – O RELÓGIO (1967) – e a participação no “disco-manifesto” TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS (1968), que deflagou o Movimento Tropicalista.
Em 1968, eles lançam o seu primeiro LP, OS MUTANTES chegam as lojas , apresentando um repertório forte, bem psicodélico, com muita microfonia e longas passagens instrumentais. Tudo isso sob a “batuta” do maestro Rogério Duprat e do irmão Cláudio César, nos efeitos de estúdio e nos instrumentos. Mas o impacto mesmo ocorreria ao acompanhar Caetano Veloso
na canção “É proibido proibir”, no III Festival Internacional da Canção da TV Globo do Rio, no qual se ouvia vaias de um lado e gritos de guerra do outro.
O ano de 1969 também é rico em acontecimentos. Gravam o segundo disco MUTANTES, sensivelmente melhor, onde mostram grande evolução musical, principalmente no que concerne a arranjos e composições. Canções como “Dom Quixote”, “2001” e “Algo mais” mostram que estavam bem afiados, sendo esta última utilizada para um comercial da Shell.
Pela primeira vez viajam para o exterior, França e Europa. Na volta a “família mutante” cresce com a entrada do


baterista Ronaldo Leme (Dinho) e o baixista Arnolpho Lima (Liminha).
Os dois álbuns seguintes "A DIVINA COMÉDIA OU ANDO MEIO DESLIGADO (1970) e JARDIM ELÉTRICO (1971) manteve o nível, flertando agora com o blues, o soul e o hard rock. Eles ainda fizeram um show no Olympia de Paris, onde aproveitaram a estada na Europa para gravar um disco para o mercado internacional, todo em inglês, que só foi lançado vinte anos depois (2000).
Paralelamente aos Mutantes, Rita Lee vinha gravando discos solos, que alimentavam os rumores de sua saída da banda. Fato que se consumou após a gravação do fraco MUTANTES E SEUS COMETAS NO PAÍS DO BAURETS (1972).
A partir daí tudo se modificou, enquanto Rita Lee se firmava como uma estrela de primeira grandeza da Música Popular Brasileira. Arnaldo Baptista, continua com os Mutantes por mais um disco – O A E O Z (gravado em 1973 e lançado em 1992), para depois seguir em carreira solo, onde alterna bons e maus momentos, com destaque para o álbum LOKI? (1974). Já Sérgio Dias tentou levar a frente os Mutantes, agora progressivo, sem muito sucesso.
Mais dois discos foram lançados - o TUDO FOI FEITO PELO SOL (1974) e o AO VIVO (1976). Contudo o fim da banda era inevitável. E dessa forma chegou ao fim a incrível jornada dos Mutantes, uma das bandas mais criativas do rock.

LETRA

Mutantes e seus cometas no país do Baurets
Ronaldo Leme - Arnolpho Lima Filho - Mutantes
Há sempre um tempo no tempo
Em que o corpo do homem apodrece
Sua alma cansada, penada
Se afunda no chão
E o bruxo do luxo, baixado o capucho
Chorando no nicho, capacho do lixo
Caprichos não mais voltarão
Já houve um tempo em que o tempo parou de passar
E o tal do homo sapiens não soube disso aproveitar
Chorando, sorrindo, falando em calar
Pensando em pensar quando o tempo parar de passar
Há sempre um tempo no tempo
Em que o corpo do homem apodrece
Sua alma cansada, penada
Se afunda no chão
E o bruxo do luxo, baixado o capucho
Chorando no nicho, capacho do lixo
Caprichos não mais voltarão
Mas se entre lágrimas você se achar
E pensar que está a chorar
Esse era o tempo em que o tempo é!

Um comentário:

  1. Cara, TFFPS de 74 é o disco mais vendido da carreira dos Mutantes.
    Como assim sem sucesso?
    Foi a época em que eles mais fizeram shows.
    Leu pouco, meu amigo.

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